BR 285
Na boleia do caminhão, um abafamento que Rosa Maria aguentava como punição pelos seus pecados imaginados. O suor lhe escorria pela nuca, gotejando por entre os seios como lágrimas pedindo perdão.
Na boleia do caminhão, um abafamento que Rosa Maria aguentava como punição pelos seus pecados imaginados. O suor lhe escorria pela nuca, gotejando por entre os seios como lágrimas pedindo perdão.
Olhando pela janela do táxi, – ótimo lugar de se estar com o celular desligado – pensava sobre a tristeza.Um sentimento que não deixa a cidade cinza, nem a natureza menos sublime, ao contrário, as cores tornam-se mais vivas porque reais assim como a tristeza. A tristeza chega desossada de expectativas. É mais potente do que as boas e más, lembranças nostálgicas ou nenhuma.
– “Por favor me leve ao Mube!- “Entro à direita ou à esquerda”? (Estávamos quase ao lado do Museu, mas chovia tanto que tive a sorte de ao menos encontrar um táxi. (Normalmente andaria até lá pelas alamedas arborizadas dos Jardins). Experiente tomadora de táxis, sempre me impressiona o fato de um taxista não conhecer…
Existem dois espaços neste mundo nos quais gosto de ficar sentada, por horas, sem fazer nada. Um deles é o saguão de aeroporto. O outro, o saguão de hospital. Quando atrasa o avião, fico tranquila e esquecida da hora. Quando no hospital, fico sentada, sem outra saída. Por razões diferentes, ambos saguões estão sempre lotados…
Na maca, no antebraço um aparelho de pressão, no outro uma injeção de contraste cujo objetivo era dilatar todas as veias do corpo para saber a quantas batia o seu coração. A cabeça parecia que ia se separar do tronco, as pernas inexistentes, o corpo prestes a estourar. Durante torturantes 17 minutos achou que o…