Já no início de novembro, as vitrines começam a piscar luzinhas, estrelas prateadas e bolas coloridas anunciam o Natal.
Em algumas vitrines aparecem frases de alegria em inglês: Merry Christmas and a happy New Year. (Não entendo porque o Natal nos trópicos fala inglês sendo que nas terras de idioma anglo saxão faz um frio de congelar, aliás nas liquidações que acontecem por aqui lê-se Sale/10% Off.)
Em língua estrangeira ou não, fazemos um balanço verificando se o ano foi bom para nós. Confesso o meu!
Foi muito bom. Lancei meu livro 2016 – 2023 com contos e novelas, a família inteira vai bem e gosta de mim. No item política não me posiciono porque concluí que não entendo nada do que decidem ou votam neste nosso Congresso que me enche de desgosto e o mundo em guerras fratricidas que me torna cética quanto ao Ser Humano.
Porém, o que mais me exasperou todas as horas de todos os dias foi a sensação de que a vida está passando e eu não a percebo mais como antigamente e como gostaria.
Faltou-me tempo para pensar na vida em câmara lenta; meus desejos possíveis tornaram-se fantasias por falta de tempo: não li todos os livros que programei, não conversei com todos amigos que gostaria, não amei o suficiente, não cozinhei, não caminhei, não vi as nuvens passarem nem o verde da natureza se afirmar. Não consegui realizar as minhas vontades e, deste modo, um saco de frustrações se prendeu a mim. Sei que só o espaço em seu tempo poderá me oferecer o prazer de realizar as metas que montei para 2024… com uma condição: ser capaz de deixar meu celular mudo!
Como meus leitores já sabem, gosto de informações que chegam via anúncios, seja qual for a mídia. Neste final de ano, uma curiosa publicidade da Vivo Telecom me chamou a atenção: uma mensagem teatralizada por Denise Fraga conclama:
“Viva no seu tempo e não no tempo da sua timeline”!
Veja abaixo um resumo:
Exasperados, pelo roubo do nosso tempo cronológico, ficamos pendurados em um mundo construído fora da órbita do humano, despercebidos que somos escravos de um miserável componente de silício.
O tempo é uma matéria tangível – um espaço entre um ponto e outro – e é recomendável estarmos disponíveis para a reflexão sobre o que está ao nosso alcance para transformar esta indômita sensação de falta de tempo.
Encerro, desejando para meus leitores, um Novo Ano no qual, ao seu fim em 2024, não tenhamos que nos encontrar novamente perante a incomoda exclamação: “Natal? já? Nossa, como o tempo voa!”
Lembrar que somente o avião, o balão e o vento “voam”!