No sábado encontrava-me no aniversário do meu neto de 10 anos, com a mãe de 40 e eu mesma da geração de 45. Minha filha cuidando do bolo, o neto correndo pela casa e eu tentando conversar trivialidades esparsas com as avós escaladas para levarem seus netos para a festa.
Uma cena corriqueira, nada demais nisso, quando minha filha, interpela-me e pergunta por que cheguei atrasada ao evento. Explico que, além do trânsito, estive procurando um celular para mim.
– “Como assim, você não ia comprar o meu iPhone antigo? Eu ia comprar um mais moderno “. Você pagaria menos do que o seu Samsung novo!”
– “Pois é, escolhi um da Samsung, aliás muito parecido com o seu iPhone. Eu não preciso de nenhum artifício além de enviar e- mail e telefonar avisando que vou chegar atrasada. Não quero fotografar, filmar, ouvir música, mandar e receber torpedos. Enfim, mudar minha rotina com a qual já convivo há mais de 60 anos”.
– Você não entendeu: além de comprar um celular mais caro, o iPhone é muito mais simples para você!” ela retrucou, brava.
(“Comprar o meu celular antigo” e o ser “mais simples para você” não caiu bem!)
Foi assim que começou a discussão sobre o que seria mais adequado para meu desinteresse à genial e revolucionária criação de Steve Jobs. As avós, na espera que seus netos cantem logo o parabéns, mexem seus iPhones pra lá e pra cá, concentradíssimas em busca de algo que não quero.
No almoço de domingo, nova interpelação. À mesa, um advogado da geração de 45, um designer da geração de 60, uma empresária, um médico e minha filha, todos da geração de 70.
– “ Como você não comprou um iPhone,”? Vai se atrapalhar toda com este que comprou! O iPhone é muito, mas muito mais simples.”!! Interpelou o designer para minha surpresa, já posto a par da minha compra de um celular.
E foi assim que a mesa, em peso, voltou-se contra mim com os argumentos mais diversos.
Minha segurança abalada, meu orgulho ferido, não lhes confessei minhas dúvidas que se empilhavam desde a bronca da minha filha na festa de aniversário no sábado. Ao final do almoço de domingo senti-me uma mulher paleontológica. Levantei a voz, raivosa e proclamei meu direito de escolha! O almoço do domingo havia terminado.
Gostei muito do seu texto! Parabéns! !!
Olá Maria. Agradeço tanto por ter lido o texto.
Gostei de escreve-lo tanto quanto você gostar dele.
Este é o meu trabalho e meu desejo.
Não deixe de me enviar outros comentários. É sempre um ótimo incentivo!
Obrigado
Bettina