Na época de polêmicas verbais com meus pais, a palavra farfetch em inglês queria dizer, “você está delirando” ou “buscando uma verdade inexistente, fantasiosa“.
Discutia-se política na chapa perigosamente quente, se pró ou contra o comunismo. Aos 17 ou 18 anos eu era a favor de Marx e naquele tempo essa idade era considerada ainda, em uma família burguesa de classe média, uma criança cheia de farfetch’s. Ou seja, ideias embutidas em idealismo, longe da realidade, bobagens.
Acredito que o termo inglês não é uma importação dos Estados Unidos porque por lá não gostam de “verdades inexistentes”.
Hoje, em manchete de jornal, veio esta lembrança de tão longe:
“Farfetch lança em Londres loja do futuro em parceria com Gucci “
O nome da loja Farfetch, Londres, Gucci, chamaram a atenção.
Resumindo: ao entrar na loja, seu corpo é escaneado com o objetivo de você ser customizado ou analisado por um olhar do especialista (expert) em matéria de deduzir o que você é e gosta para, em seguida , indicar o modelo de roupa que ele acha ser o procurado. (Até hoje não me acostumo a ser radiografada antes de embarcar em avião e me pergunto, a cada vez, envergonhada, o que será que o policial vê lá dentro de mim já que não engoli saquinhos de cocaína)
Então, – devidamente customizada – suas medidas acertadas, e necessidades identificadas, preferências de cor e corte, um toque na telinha e pronto: trazem sua peça de roupa perfeitamente ajustada ao seu corpo e medida.
Suponho que não há tempo factível de enviar o seu desejo para nenhum país que explora mão de obra barata para confeccioná-lo! Serão robôs atrás da cortina a fazer tudo isso em minutos?
Mas voltando à noticia:
“As grifes precisam unir o mundo digital e físico para serem competitivos”!
Portanto, entendo que o objetivo é incorporar a matéria à ficção. Se há verossimilhança nesta afirmação, então esta já é a passagem para a perda do tato físico em relação a uma peça de vestuário dependurada na arara. Será também a última passagem para experimentar um sentimento de frustração.
O texto termina afirmando:
“O tempo das pessoas não comporta experiências demoradas”!
Com mais esta afirmação tranquilizei-me por saber que as montanhas, flores e animais são experiências perenes, ainda não abduzidas como meus textos que partiram para as nuvens.
Fiquei sem saber o que pensar com mais este avanço tecnológico para satisfazer de imediato nossos desejos desaparecendo, definitivamente, o sentido do espaço necessário que decorre entre uma vontade e uma realização.
Naquele tempo do comunismo versus capitalismo, qualquer que tenha sido a escolha que eu fizesse, os mais velhos disseram que ainda haveria muito caminho pela frente para mudar de lado. E foi verdade!
A intenção de facilitar a vida – ter mais tempo para o lazer – só a torna mais complicada? Onde acaba a realidade e começa a ficção?
Amadurecer experiências, seus alcances e limites, leva o tempo que não aceitamos mais esperar.
Descobri, LegadoVivo hoje e fiquei muito curiosa e interessada em continuar a seguir!
Parece que o destino, capta e junta as mentes, com o mesmo ponto de vista.
Obrigadíssima Maria pela sua mensagem.
Voce descobrir e seguir os textos no legadovivo é o único
incentivo que tenho para aplicar-me ainda mais
na qualidade deles. Também creio no destino mas aquele
que as moiras ( deusas da mitologia grega) não param
de tecer o destino das pessoas…). Tentarei vir de encontro
captando sua atenção e mente.
Um abraço
Bettina