IA, como todos sabemos, quer dizer Inteligência Artificial. Talvez o que nem todos saibam é que Ela (ou será ELx) passa a fazer provas de Direito na Universidade de Minnesota e de administração em Wharton.
Entendi – sem contudo assimilar – lendo o artigo de Pedro Doria, Jornal ESP, pág. B12 em 27/01/2023 – que já se testa uma plataforma para alimentar os conhecimentos da IA, no caso da advocacia, com teorias jurídicas, leis, argumentos e contra-argumentos, propostas, decisões sobre o certo, o incerto e o errado, decisões contra ou a favor de uma ação, moral, ética… Enfim! haverá quantidade infinita de versões jurídicas, não só milhares de informações como versões ainda não formuladas pelo nosso fatigado cérebro jurássico.
Imagino -me como cliente nesta plataforma nutrida de inteligência artificial . IA passaria a ser uma concorrente do meu advogado de carne e osso, pois se submeteria ao escrutínio da entidade máxima de representação dos advogados brasileiros: a Ordem dos Advogados.
Fico imaginando como será não ter mais um advogado, escolhido por suas habilidades jurídicas, para me acompanhar no meu pedido de divórcio, por exemplo.
Saberá IA discutir comigo acordos e corresponder à minha inteligência emocional?
Será que ele, digo, ela, a inteligência, entenderá que meu ex-marido – que me largou sem mais essa nem aquela por uma mulher mais moça do que eu – é um egoísta, autoritário, sedutor de moral duvidosa, malcriado e mal-agradecido? Que me faz sofrer e que para ele dirijo todo o meu ódio e desejo de vingança, (não para jovem escolhida, afinal foi ele quem me traiu e não ela).
Saberá, Elx, discutir comigo sobre se tenho ou não razão para vingar-me? Terá capacidade de responder ao meu ódio, saberá lidar com o mal,montar uma tese, uma razão vencedora, para atender a meu ódio? Preencherá meu desejo de que o fujão fique muito p. da vida; entenderá que meu objetivo é maltratá-lo e ser infeliz?
Imagino como a tese advocatícia inserida na IA, responderá em uma prova de vestibular onde se coloca uma cruzinha para a resposta certa ou errada, sem permitir nuances emocionais e quiçá interpretações psicológicas. Assim:
Não! responderei, se perguntada- por ele ou por ela- se alguma vez meu marido me bateu.
Sim! responderei, se perguntada se ele foi um bom pai.
Sim! responderei se perguntada se me prejudicou.
Se IA perguntar: como a sra. foi prejudicada? Responderei
– “Pelo indigno sofrimento causado”!
Estará IA capacitada para responder a esta minha defesa, legítima, – mesmo sendo desaconselhável ? ou vai, simplesmente dizer:
– “Seu desejo de vingança é politicamente incorreto!’”
Ou responderá:
– “não entendi, pode repetir por favor”.
Hoje, posso ainda dar nome e endereço do meu advogado de preferência; aceitar ou não seu conselho; conversar por horas, avaliá-lo e pagá-lo. Com certeza, vai tentar me dissuadir com bons argumentos e cabe a mim as consequências por ele apontadas, se escolher ir por um caminho ou outro.
Senão vejamos:
Segundo o artigo de Pedro Doria, o nível de acertos do advogado IA nos seus respectivos exames de conhecimento nas universidades americanas marcou 60% de acerto na primeira vez e passou para 70% na segunda.
Portanto, foi na segunda época que melhorou seu desempenho, mas, segundo nossos padrões atuais, entrou na faculdade sem grandes chances de se tornar um emérito Dr. Advogado! Sua nota tem que ser 100% de acerto, caso contrário, continuarei consultando meu advogado.
Informa o artigo ainda que, experts das diferentes empresas de tecnologia pretendem aprimorar o desempenho desta ferramenta – a meu ver –aprimoramento potente para o meu medo!
Meu temor? Certamente nascerá um hacker IA que irá descobrir os códigos cifrados da ação jurídica do meu contratado advogado IA..
Terão esses fakes advogados IA, fakes administradores, fake médicos, engenheiros, padres, políticos enfim…todas as profissões migrantes para a ELx… consciência do que estão nos falando?
Nota: é preciso esclarecer que a autora deste texto nada entende da ciência das IA, mas, na ausência do saber, apoia-se na ficção científica e passa então a acreditar que o impossível já é uma realidade.