Leio, amiúde, a coluna de Alice Ferraz no ESP da qual extraio o título deste texto. Concordo e me identifico com a maior parte das crônicas da jornalista, apesar de ela ser mais conformada e menos contundente com os tempos atuais do que eu.
Sua coluna do sábado, 10/6, analisa como se comportam os influenciadores e o resultado dessa intervenção na vida privada dos influenciados.
Alice Ferraz não dá vazão à sua raiva. Eu dou!
Dou vazão ao mau humor que me assalta a cada cinco minutos de interrupção alienígena no meu Instagram e WhatsApp. Torno-me agressiva e revoltada – sob a forma de estado de espírito – no que diz respeito ao meu direito de escolha. Não me “ligo” em nenhuma das mensagens de cunho marketeiro, mas anoto todas, mental e visualmente, para não comprar!
Detive-me no trecho em que ela sublinha a desinformação prestada a todos que vivem neste planeta: velhos, adultos, jovens e criancinhas. Muito pouco promissora esta constatação. Alice ainda insiste em mencionar a necessidade urgente dos influenciadores assumirem a responsabilidade sobre o que propagam em seus indesejados aparecimentos na nossa tela.
Não há como contestar tal afirmação. Estamos submetidos a um processo de contabilidade financeira desde o nascedouro do produto, que precisa ser divulgado, com resultados tanto no maior número de cliques que recebe quanto no lucro financeiro para a cadeia total. O influenciador ali ganha sua sobrevivência enquanto eu perco em saúde mental. Eu pago o martelamento, em imagem e som, com o cansaço atropelado dos meus sentidos, um escudo à mão, mas de enfraquecida defesa.
Nada mudará o fluxo de desinformação e de alienação em curso, em qualquer ponto do globo terrestre. O mesmo ocorre com as tentativas de coibir as fake news, sem resultado, – porque a IA
e os técnicos em computação são mais inteligentes do que os juízes! Novas leis são incapazes de brecar, sem interferir, em um processo que nasce com raízes tenazes: o desejo despertado, cutucando para ser consumado; a (in) sustentável leveza do ser” dedicada às amenidades e, sobretudo, ao ideal (criado de fora para dentro) da (busca eterna) da felicidade e porque não, do Santo Graal onde jaz, – ironizo -, o segredo de como ser amado e da eterna juventude.
A busca induzida de criar necessidades – uma ação tão antiga quanto o mundo – não tem como ser banida da nossa vida e sentimento.
Cabe, ao contaminado, além da raiva e mau humor, encontrar um jeito para que os influenciadores não influenciem seus estados de consciência. Todo cuidado é pouco!
A consciência é uma necessidade ética!