Ao abrir meu e-mail na primeira hora da manhã em busca de uma inspiração para inserir nesse espaço, um artigo intitulado “JUDEUS DE SEIS BRAÇOS” chamou a atenção.
Para assegurar-me de que o conteúdo do artigo não era uma piada de mau gosto ou um artigo antissemita, fui ao Google à procura de Pilar Rahola, autora do texto.
Descobri que ela é uma jornalista espanhola, católica, basca, musa do movimento separatista, polêmica e aparentemente “sem papas na língua” – chegou a “bater boca” com o ex rei da Espanha, Juan Carlos (que numa conferência disse para o presidente Maduro da Venezuela: “Por que no te callas?)
Fiquei em dúvida se exporia seu texto porque ele data de 2009, proferido no Fórum Global para Combate do Antissemitismo, em Jerusalém. Minha indagação logo se dissipou. Achei que o conteúdo continua sendo atualíssimo. Assim, quis dividi-lo com o leitor nesta página destinada a reflexões sobre temas presentes e continuamente debatidos.
O antissemitismo não é datado. Chega até nós através da História, bem antes do nascimento de Jesus. Porque ele existe não sei, mas afirmo que ele existe, veladamente ou não. As razões alegadas são inúmeras.
O que Pilar Rahola tem a dizer a respeito?
Ela abre o texto com uma afirmativa, faz uma pergunta, é contundente na explicação e por fim traz seu pensamento sobre o tema Israel e sua existência como Nação.
Afirma ela:
“O mundo se atreve a dar opiniões sobre o conflito no Oriente Médio. Por quê? Porque Israel está sob a lupa midiática permanente e sua imagem distorcida contamina os cérebros do mundo. Porque faz parte da coisa politicamente correta, porque parece solidariedade humana, porque é grátis falar contra Israel.”
Mais adiante, segue:
“Pessoas cultas quando lêem sobre Israel estão dispostas a acreditar que os judeus têm seis braços, como na Idade Média. Sobre os judeus do passado e os israelenses de hoje, vale tudo”.
Concordo com a jornalista Pilar, quando pergunta mais uma vez:
“por que as razões de Israel nunca existem? Porque, sendo o único País do mundo ameaçado com a destruição, é o único que ninguém considera como vítima?”
Particularmente defendo a existência do Estado de Israel, não por ser um Estado cuja maioria é de judeus e sim por ter sido reconhecido em 29/11/1947 na Assembleia Geral da ONU como um Estado Nação.
Não tenho dúvidas que existe, sub-repticiamente, uma antipatia em relação ao Estado de Israel como uma maneira disfarçada de antissemitismo. O judeu sofre mitos culturais seculares. Por exemplo, acreditar que os banqueiros judeus queriam dominar o mundo através dos bancos europeus conecta-se diretamente com a ideia de que os judeus de Wall Street dominam o mundo através da Casa Branca. O mito que os judeus matavam crianças cristãs para beber seu sangue conecta-se hoje com a afirmação que judeus matam crianças palestinas para ficar com suas terras. Enfim, tudo que se configurou no ódio histórico aos judeus, desemboca hoje no ódio aos israelenses.
Pergunta Pilar Rahola novamente: “Estaria acontecendo uma nova conspiração universal em relação aos judeus?
Ela mesma responde: “Israel é uma nação pária entre as nações, um povo pária entre os povos” e continua:
“Toda crítica contra Israel é antissemita? “Não”! enfatiza.” Mas todo o antissemitismo atual transformou-se no preconceito e na demonização contra o Estado Judeu. Um vestido novo para um ódio antigo”.
E conclui:”
O Estado de Israel sofre com o paradigma violento do século XXI: a falta de compromisso sólido com os valores da Liberdade”.
Ao Rahola mencionar a Liberdade como o único valor maior, formulei uma pergunta para mim:
Quanto vale defender a Liberdade sem medo de morrer por ela?
Creio que poucos estão dispostos, mas salta aos olhos a vontade dos israelenses de lutar pela sua liberdade de existir. São filhos, netos e bisnetos de judeus fugidos das perseguições ao redor do mundo.
Aqueles que acreditam que o judeu tem seis braços, apesar da aberração, devem se lembrar que, entre a ascensão de Hitler e 1945, os judeus não souberam se defender das câmaras de gás, onde morreram seis milhões de pessoas.
O artigo confirma a obrigação de nos insurgir contra a perseguição e a injustiça de quem quer que seja, Nação ou pessoas.
(Lembro que no passado me revoltava quando da caça aos cachorros vira-latas, alvos da carrocinha, por um homem de uniforme, boné e um longo cabo onde havia dependurada uma rede)
Às minorias perseguidas, bichos e homens, ainda não lhes é dado o direito de legitimação de sua raça e modus vivendi. Por princípio, defendê-las, é um compromisso com a Humanidade na sua essência e totalidade.