Tenho um amigo com o qual comento os momentos da alma. Aqueles que nos afligem. Aqueles acima de nós, como, hoje, o sentimento de impotência.
Quando ele me perguntou como eu ia, disse-lhe que perdida, como todos, neste não tão particular momento, visto que guerras e o volume de tensões insanas não é novidade para o mundo.
No dia a dia, há graus de tensões. Algumas nos afetam mais, outras menos. Todas trilham mudanças de paradigmas, por vezes imperceptíveis, mas aquele que sente o preconceito e sua violência na pele sabe ser o julgamento, subjacente à ignorância, o mal que assola o mundo que hoje se configura.
Mais ou menos cientes dos fatos, a impotência nunca deixa de afetar os seres humanos de boa vontade: os neutros, aqueles que não querem tomar partidos para não intensificar a polarização, nem aguçar os sentimentos acirrados para a briga.
Aqui atenção: em hipótese alguma, os neutros podem ser acusados de alienados! Os neutros sofrem de impotência, um sentimento doloroso sobre a incapacidade humana de atuar junto aos fatos, mas que talvez sirva para não “colocar mais lenha na fogueira”!
Ao ouvir tais ponderações, meu amigo aconselhou-me a encontrar, no rés do chão da alma, uma sala. Uma sala onde deveria esperar o mundo recuperar seu fôlego. Encontrar o silêncio fechado, sem interferências, buscando renovar a sua fé e aceitar sua maneira de se expressar que nada mais é – ao meu ver, é claro – do que calar-se.
Nada está ao meu alcance para transformar ódios que se traduzem em guerras, violência co-existente com a desenfreada necessidade de matar tudo aquilo de que não gosto, e por fim, o poder e o domínio sobre os fracos.
Não fomos premiados com a vontade, ou condição, de ouvir todas as vozes num só toque –Bléeem ♪ do sino que quer nos dizer: “deixem de se odiar uns aos outros!”
Quem sabe um dia o mundo escute o Bléeem ♪ do sino chamando para a sala da alma, assim poderemos ouvir, no silêncio, o chamado do espírito e meditar sobre o que afinal estamos fazendo aqui?
Será que nos falta clamar por Deus?