A Perda – vazio que rasteja como um animal humilhado por dentro da gente, silencioso à noite, feroz ao raiar do dia – humaniza o Homem.
A gosma verde gruda nas paredes da alma e transforma-se em Dor.
A grossa capa, como um tapete de trama esburacada, gruda no corpo e ilude a Solidão.
A Perda é um animal odioso. Cria filhotes em tudo que esbarra. Multiplica-se em lágrimas que não lavam, só choram. Não há degraus suficientes para expiar a Dor que queima. Deus não é misericordioso!
O Homem foi criado imperfeito para que busque a sua Humanização, sufoca no pântano onde vive o animal humilhado sem forças para atender ao desejo do Criador. O Homem criou a Religião para que encontrasse forças para enfrentar o que não entende e atestar sua incapacidade. Deus não é bom!
O animal asqueroso devora nossa capacidade de acertos e nos leva para a seara do engano, atalhos e desvios. Enganamo-nos ao pedir socorro. Ele não atende! Faz parte de o seu plano sentir nossos enganos como uma Perda irrecuperável.
É um plano diabólico que nos transforma em reféns do Sofrimento. Neste momento, o bicho carrasco se descama perante o Intruso. Ao Sofrimento tomar seu lugar, percebemos a Consciência do Mal em nós e aí viveremos a Liberdade.
Seu plano? O único. Acredite-se Nele ou não: a Consciência de nossa pequenez perante um Universo a ser desvendado em sua grandeza, a Criação.