Hoje é domingo, dia de ler o jornal não em voo de pássaro, mas a passo de ganso. Nos dias da semana lemos as manchetes e, se necessário, comentamos, superficialmente, o tema da semana. Em geral, a notícia vai perdendo interesse; a análise do fato vai encurtando, o espaço ocupado diminuindo até desaparecer não só da vista como da memória.
O fato relatado, no transcurso do tempo, fica quase sempre sem solução: resolveu, vai se resolver ou nunca mais seremos informados se houve ou não continuação (é comum principalmente em relação à economia e política brasileira). No impasse, cabe ao leitor uma interpretação final. (Suponho que assim é que se espalham as fakes news!)
No afã indagativo que tenho sobre o passado, criei uma pasta onde jogo as notícias à espera da conclusão. Esta pasta leva o nome de “para lembrar”. Esse hábito deve vir do fato de que cada vez que minha mãe fechava o livro que estávamos lendo, ela dizia: “Continuamos amanhã”! Mas, no dia seguinte ela esquecia o que havia prometido.
Hoje consultei esta pasta e encontrei três casos inconclusos e desaparecidos do jornal diário há anos. A título de exemplo:
- Onde estão guardados (em segurança?) os R$ 51 milhões achados em sacolas no apartamento abandonado do sr. Geddel?
- Por que Sr. Renan Calheiros sumiu de todas as manchetes? Ele foi acusado de malfeitos nunca investigados.
- Quem matou o presidente John Kennedy e pior, porque Lee Oswald, o acusado, foi assassinado por um gordinho dono de bar, de chapéu cinza, no distrito policial e sob os olhos da própria polícia?
São perguntas prosaicas, sem respostas conclusivas.
Alguns destes fatos geram bons livros. Podem elucidar ou conjecturar várias hipóteses que levam a tarja “top secret”. O Google nos oferece a informação esquecida, mas o algoritmo ainda não tem a inteligência de criar um conteúdo que satisfaça o leitor com memória! Não há mais tantas pessoas que se interessam em encontrar o fio da meada após a mídia levantar a lebre através da notícia, e poucas também se interessam para saber em que buraco negro ela caiu.
Por outro lado, há assuntos que continuarão notícia e representam cotidianamente o que vivemos em moto – contínuo. Não terão fim!
Um deles é quantos soldados e civis morreram nos países em guerra. Outro tema é sobre países subdesenvolvidos, pobres e famintos. O conflito insolúvel entre palestinos e israelenses. As chacotas de presidentes que falam o que pensam. O terrorismo fica um tempo nas manchetes, caso tenha havido muita ousadia no ataque e especulação sobre qual foi o grupo responsável. Porém, os campeões são os tópicos sobre Racismo, Exclusão /Inclusão de gêneros e sobre os Direitos Humanos. O interesse para as intrigas e fofocas de artistas e horóscopos, inclusive da minha parte, é grande.
Temos nossas opiniões sobre tudo, apesar de insuficientes para mudar o curso das “coisas erradas do mundo”. No balanço do ano, contrário ao que dizem as revistas que o ilustram, parece que muita coisa ocorreu sem que ficássemos sabendo. As informações são repetidas e as olhamos sem ler, virando para a página seguinte.
Mas hoje é domingo, o sétimo dia da criação e direito de descanso. O que fazer se apenas no domingo conseguimos ler o jornal nos detalhes, como nas notas de rodapé, nos editoriais, longos e pedantes?
Seria uma solução não ler o jornal?
Ler o jornal é meu maior prazer do dia, mas o de domingo é especial!
Não fico mais sabida, fico mais contente por ter lido! Hábito? Lazer?