Sai perturbada do filme Oppenheimer, sem condição de pensar, com clareza, se Oppenheimer devia ser considerado responsável pela morte de milhares de pessoas com o lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki. Me parece ter sido julgado politicamente como homem e absolvido como cientista nos processos que se sucederam ao evento. Uma hipocrisia dicotômica, pois houve um único perdedor, o próprio cientista, ele que deu fim à guerra, a Segunda Guerra Mundial.
Sobra a pergunta:
A Humanidade deve continuar a buscar, desenfreadamente, respostas sobre o limite da capacidade científica da mente humana?
É possível obter-se uma resposta pragmática ou filosófica que justifique a Bomba Atômica de Oppenheimer?
Há uma resposta plausível, no meu entender.
Antropoceno seria o nome dado a uma Nova Era geológica, na pesquisa conduzida pelo grupo GTA-Grupo de Trabalho do Antropoceno da Universidade de Leicester, no Reino Unido.
A Nova Era, uma nova era geológica, teria se iniciado nos idos dos anos cinquenta e o estudo coloca esta Nova Era como sendo posterior ao Holoceno que começou há 11.7mil anos com o fim da última Idade do Gelo.
(eras geológicas são uma subdivisão do tempo geológico da Terra representadas em intervalos de milhões ou bilhões de anos).
O que nos informa o estudo, é que, provavelmente, em menos de 100 anos já nos encontramos em um novo estágio, consequência da intensa atividade destrutiva do Homem em relação ao Planeta.
A notícia chamou muito a minha atenção não porque estaríamos numa Nova Era, – visto que esta acontece todos os dias desde que nasci nos anos quarenta – mas sim porque faz todo sentido esta Nova Era ser um ponto de não retorno. Penso na afirmação do presidente do GTA, Colin Waters: “Não podemos voltar mais ao Holoceno! e continua: claramente, a biologia do planeta mudou abruptamente!
Essa frase fatídica seria um prenúncio ou uma advertência sobre o que esperar, caso o Homem continue, nos próximos 100 anos, o processo de ignorar sinais vitais que a natureza oferece de graça.?
O artigo, penso, é um alerta vermelho! O lago Crawford, província de Ontário, no Canadá, ofereceu a prova cabal que justificaria a pesquisa dos cientistas da GTA.
Eles revelaram que até os anos cinquenta não houve mudanças súbitas – em termos geológicos – mas, que a partir de então, encontraram traços de cinzas provenientes da queima de combustíveis fósseis, elementos emissores de gases do efeito estufa e mudanças na composição dos sedimentos que indicam a chuva ácida e aqui exponho o porquê liguei a notícia retirada do jornal O ESP de 30/7 ao filme de Oppenheimer?
Porque o texto expõe que substâncias químicas provenientes de armas nucleares se infiltraram em solos, sedimentos, árvores e geleiras!
Concluindo: nós, leitores comuns, não temos voz para evitar a bomba atômica por conta das guerras insanas, nem temos como evitar massacres em massa e destruição ambiental, estamos de mãos atadas.
Como o poder está em mãos de muito poucos, total e absolutamente inconscientes de que poderiam amenizar o perigo que rodeia a humanidade, podemos ao menos nos manifestar e bradar: não às armas nucleares!
Perdoemos o engano humano, louvemos a descoberta científica – de uma mente brilhante como a de Oppenheimer. Condenemos todo aquele que tem o poder de autorizar a disparada do botão vermelho.
Lutemos para que nunca mais a humanidade se encontre perante um dilema de tal grandeza!