O que este nome esquisito quer dizer?
Meus caros leitores – em primeiro lugar, obrigada por me seguirem nas mídias. Ultrapassei a marca de 7.000 fiéis leitores.
Confesso que nunca imaginei que, acometida de presbiopia, chegaria a este número de seguidores.
Isto posto, vou traduzir para vocês o que este nome esquisito significa: vista cansada, ou seja, o envelhecimento dos olhos. Ou porque já viram demais ou não querem mais enxergar!
Nesse sentido, Leandro Karnal nos conta, em sua crônica de 13 de agosto no caderno de Cultura e Entretenimento do ESP, como o Tempo – através de filmes criados entre gerações – está não só defasado como enterrado. Karnal confirma que os jovens de hoje, quando perguntados a respeito de um filme do século passado, dizem: “não é da minha época”.
Exemplificando: o icônico filme, “E o Vento Levou” é de 1939. Minha mãe tinha dois anos de idade” – escreve Karnal. “Faltam mais de duas décadas para eu nascer”.
“O filme Macunaíma é de 1969 quando eu tinha seis anos de idade”!
Claro está que Karnal não os viu à época (eu sim!) mas nem por isso deixou de assisti-los quando já estava na faculdade.
Entendo que o historiador/escritor, com muito cuidado e saber, quer nos fazer perceber que a geração digital pouco se interessa por produções cinematográficas antigas e, por tabela, por momentos e fatos históricos. Continua Karnal com um exemplo recente:
No filme Avatar, lançado em 2009, o Tempo é medido assim:
….“Na estreia do primeiro, eu era um professor universitário, careca de 47 anos. Uma pessoa de 16 anos hoje, tinha três na época e não era alfabetizada. Até aí podemos pensar que alguém com 16 anos, não viu a estréia de Avatar.”
Entretanto, eu vi o filme A Balada de Narayama – mencionado na crônica de Karnal – refilmado em 1983 por Shohei Imamura que se baseou na obra literária de Keisuke Kinoshita e também diretor do filme do mesmo título, nos idos de 1958.
Portanto, em 1958 eu completava 13 anos e só me era permitido assistir filmes da Disney. Desde então, passaram-se 65 anos! Já em 1983, eu tinha 40 anos, longe de ser velha ou sequer pensar em velhice.
Em uma das minhas crônicas, a título de lembrança e reconhecimento de que se envelhece, em fevereiro de 2017, eu escrevia sobre a profunda impressão que me causara o filme A Balada de Narayama: assim sendo, convivi com a imagem em algum lugar da minha cabeça, durante 40 anos, para só me dar conta de que o envelhecimento é contado em Tempos e em filmes de época.
Hoje, 2023, escrevo crônicas, em memória da senhora Orin, septuagenária, do filme aqui em pauta e concluo: já estou mais velha do que a senhora Orin, levada, nas costas, por seu filho, para morrer congelada na montanha. No seu vilarejo a comida minguava. A “velha” Orin, para não deixar sua família morrer de fome, quebra seus dentes com uma pedra – sinal para os jovens de que não pode mais comer. Um ato de bravura e tradição. Filmes reveladores são eternos!
A meu ver, há uma defasagem grande de conhecimento, simbolizada pela falta de interesse da moçada de hoje em se inteirar sobre o que os mais velhos já viram, – ao menos em matéria de filmes que poderiam lhes contar sobre a vida e a história. Mas não é fácil encontrar ouvidos. Uma pena porque a arte cinematográfica demarca épocas com mais impacto do que a literatura, mais fácil de compreender.
Penso que não faz mal instruir-se sobre acontecimentos ocorridos no passado que não foram especificamente vividos; é bom se inteirar que a História existe bem antes da IA nascer. Reconhecer é uma arte e reconhecer que pouco sabemos é privilégio da inteligência humana!