Dizem que é muito difícil acompanhar um doente na sua demência. Ele mesmo comenta que não sabe o que lhe acontece. Ouço, penalizada e com medo, as mais diferentes versões. Provavelmente as histórias que contam são de pacientes em estágios iniciais ou avançados da tragédia. Por educação não se pergunta detalhes, apesar de que em alguns casos é a própria interlocutora que confessa ou, quem a escuta, percebe que algo não está bem com ela.
O mais posto junto a um número mágico que começa com o número 50, indica que você está envelhecendo enquanto ainda se sente jovem. Para uns, tanto faz, para outros nem tanto. Números não deveriam incomodar, mas alertam que é preciso cuidar de assuntos que dizem respeito à saúde. Hábito da mídia que se torna muito chato porque prometem que os + viverão muito tempo ainda, o que, nem sempre, condiz com a vontade deles.
Um depoimento pessoal sobre o mais (+)
Tenho tido conversas contraditórias comigo mesma: devo ou não fazer uma plástica? Incomodam-me as duas azeitonas que de repente apareceram, uma de cada lado na altura do queixo. Puxo as bochechas para cima em direção às orelhas e observo que as carnes sobressalientes que mais parecem buchos dependurados no gancho do açougue, ao lado da boca, desaparecem junto com as azeitonas. Apesar de todas as manhãs puxar as bochechas em direção às orelhas, a tendência é não fazer plástica. Tenho medo da anestesia que cismei afetar a memória
E é de memória que quero lembrar.
É do tempo presente, contemporâneo, que preciso contar para àqueles iguais a mim, identificados na idade com um número e um mais (+), a razão de me debruçar aqui sobre a doença de Alzheimer.
A maioria dos meus companheiros + certamente já possuem informação, mas procurei entender como poderia evitá-la. Um cientista em Neurociências explicou o seguinte:
“É preciso encontrar, treinar, buscar constantemente novas conexões no nosso cérebro, essa é a única maneira para afastar a doença que aterroriza principalmente os filhos porque teriam que cuidar dos pais.
Tenho certeza absoluta que um dia a Neurociência vai decifrar o completo mistério que é nosso cérebro e continuou: “já se conhece como funciona nosso sistema neural e as comunicações entre sinapses, mas com a ajuda indispensável dos engenheiros da computação, nós médicos haveremos de descobrir a origem e quiçá a cura”.
Portanto não há mais dúvidas. Já estamos “nas mãos” dos algoritmos inteligentes e fico feliz com esta realidade. Quero acreditar que Homem e Tecnologia encontrem mais rapidamente a cura e se não a cura, um remédio que tarde o aparecimento desta doença que nos remete à uma situação fatídica: uma morte viva!
Debruço-me mais sobre como me defender da doença de Alzheimer e bem menos sobre as informações alimentícias e exercícios aeróbicos para me manter+ “jovem”. Convenci-me que quero viver com saúde mental sendo a física secundária. Finquei uma seta na minha cabeça onde consta, em letras garrafais, uma máxima de Donald Winnicott:
“Quero estar vivo na hora da minha morte”!
Muito bom o texto. Tive uma experiência com Alzheimer e é muito assustador.
olá Dagmar,
obrigado por ler-me e já desculpas por não retornar antes ao seu comentário.
Desconheço a convivência com esta doença mas posso imaginar.
Nada podemos fazer a não ser tentar evita-la com os conselhos que os médicos nos dão.
Continue lendo os meus textos. Vamos nos corresponder sobre tantas coisas para as quais a vida inesperadamente nos convoca. Trazer esses temas do dia a dia, é meu objetivo e saber que alguém aproveitou deles, me enche de prazer.
Obrigada e um abraço,
Até mais