No corredor do metrô vi um homem. Uma perna dobrada contra a parede, um chapéu a sua frente com moedas. Tocava acordeom. As teclas brancas, a caixa nacarada. Guardei o seu olhar. Não era triste. Um sorriso mudo e civilizado nos lábios.
Perturbado, voltei para o meu quarto de hotel: o som do teclado rompendo meus ouvidos. Não consegui dormir, a pele sem rugas, os olhos azuis do homem da sanfona vermelha me vigiavam como um naco rasgado preso num zíper.
Este texto foi extraído do livro “21 Quartos de Hotel“, de Bettina Lenci.
Leia a obra completa clicando aqui.
“Guardei o seu olhar. Não era triste.”
Gente que ama o que faz.
🙂
Concordo plenamente. Tristeza é um estado d’alma.
Agradeço seu comentário.
Um abraço, Bettina.