Sair da pátria amada deixa a cabeça à disposição para novidades. Brincando ao léu com o monitor da televisão portuguesa, em busca de um filme, deparo-me com algo realmente inusitado para nós conquistados. Mas antes de prolongar-me sobre o que vi na TV , faço uma afirmação: “Portugal nada tem a ver com o Brasil! são muitas as diferenças, entre elas os programas de auditório (e o respeito ao pedestre).
Juro que vi!
Seis homens nus, em pelo, frente e verso, cuja única indicação de gênero eram seus pênis, as idades entre 20 e 28 anos, brancos. Postados, eretos, em frente a painéis de cor verde, vermelho, amarelo, nada a protegê-los em vista da ausência de um vidro. (Falta uma cor que esqueci, atenta a outros detalhes)
A apresentadora do programa, vestida de preto, indagava a uma moça, vestida de amarelo, em qual dos homens confiaria. Enquanto a moça de amarelo dizia por que confiaria em um e no outro não, os homens nus se mantinham frios. A moça de amarelo foi eliminando um a um, assinalando a cor do painel do perdedor. Não havia sinal algum de obscenidade, apelação, nem mesmo poder-se-ia definir o programa de mau gosto . Tudo que ali se passava poderia estar acontecendo em uma entrevista na sala de Recursos Humanos de uma empresa.
Lembrei do filme Tarzã. Quando ele foi levado para a civilização inglesa trazia sua mãe chipanzé engaiolada para análise de cientistas. Não se avaliava ali a relação de afeto do Tarzã para com ela. Era apenas um circo de curiosos a darem seu veredicto.
A moça de amarelo eliminou um deles porque não gostava de tatuagens, outro deixava ficar porque ele tinha cílios longos. Não lembro porque eliminou quatro. Sobraram dois para o concurso final.
Nesse momento a moça foi advertida que para a escolha do vencedor ela teria que se apresentar nua. Sim, ela sabia da condição! Sai de cena, ficam os dois esperando-a voltar, nua de frente e verso.
Volta ao palco alguns minutos depois, seios pequenos um tanto caidinhos, barriguinha, mas bem-feita no verso, segundo os dois vencedores que teceram elogios a ela. Confraternizaram, abraçando-se, nus, com direito a tapinha nas costas. Momento hilário transcorrido na maior inocência de parte a parte.
Juro que vi!
Confesso – aqui é necessário ser sincera – durante o decorrer das eliminações, nunca ter dirigido um olhar crítico para seis tamanhos, larguras, texturas, comprimentos do dito cujo. Os seis pênis haviam passado para segundo plano, atendo-me à proposta do concurso. Tentando deduzir quem seria o vencedor, entrei no jogo dando minhas notas, prestando atenção nas expressões faciais e sorrisos de cada um. (Admito que minha inconsciente seleção foi a busca de um circuncisado)!
Ao sobrarem dois candidatos, não havia como não pousar um olhar mais preciso sobre o pênis de cada um, indagando-me simultaneamente qual dos homens eu escolheria como sendo o mais confiável.
O meu escolhido – e juro novamente – olhar manso , tranquilo, era justamente o portador de um pênis pequenino (não esqueçamos o objetivo do concurso); o outro, que já havia sido percebido pela moça nua quando do primeiro round como sendo mais espertinho e insinuante, tinha recebido um presente dos deuses: era fora da média . Concluí que o contexto ali no não dito era mesmo saber qual dos pênis a moça escolheria e não qual deles seria o homem mais confiável.
O programa então continuou. Eles se encontram no bar, agora vestidos, e chegaram à conclusão de que valeria a pena tentar um namoro visto que estavam atraídos um pelo outro.
Contudo, ora pois pois – como dizem os portugueses – ao cabo de três semanas desde o bar- ela volta para frente da TV para dizer que tentou entrar em contato com o namorado, (o moço espertinho, de pênis grande) mas este nunca mais voltou e ela inteligentemente deu seu veredicto:
“Fulano era um homem covarde e cruel, pois sumir sem explicação a fez sofrer. E mandou um recado certeiro: sua atitude foi de um rapazola adolescente e não de um homem confiável.”
Amuada, talvez um tanto envergonhada, deve ter concluído que tamanho não é documento!
adorei!
mas q triste a escolha da moça, nem todos tem a sorte de saber escolher 🙂
beijoo