Acabo de assistir ao filme “Privacidade Hackeada”. Não o recomendo para quem acredita no bom senso da humanidade.
Quem acredita deveria ater-se a filmes de ficção científica e não a filmes que nos apresentam a realidade na qual estamos submersos.
Vivemos em um mundo que achamos concreto porque estamos conectados pela tecnologia, portanto acreditamos conhecê-lo assim como às pessoas que o habitam. Sabemos tudo sobre tudo, basta querer. Quanto mais sabemos mais a vida aqui na terra dá sinais de estar a cada dia mais complexa. Não se sabe qual notícia na hora seguinte mudará nossas crenças e valores porque estes já foram ultrapassados pela realidade factual da notícia.
A humanidade está na mão de quatro ou cinco pessoas que se tornaram poderosos deuses da comunicação. Eles perceberam, antes de mim e de você, o que ansiamos, o que nos frustra, nossos desejos e segredos, o que gostamos ou não. Percebem nossos medos e inseguranças nos mandando recados do que concebem ser a felicidade para todos: o consumo tanto de bens como de informações. Todos os seres humanos são iguais em si mesmo – apenas se diferenciam por uns serem pobres e outros não, e assim ficamos maravilhados que nossos desejos são satisfeitos enquanto o dos outros não.
É disto que trata o filme Privacidade Hackeada: politicamente falando o que serviu para um não serviu para outro. Quem quis Trump ficou feliz. Quem não quis, obviamente ficou contra. Assim com o Brexit, o plebiscito que decidiu se a Grã-Bretanha saía ou não da Comunidade Europeia. Em outros países dividiu, com simplicidade assustadora, a direita da esquerda, predominando, de maneira geral, em volta do mundo, a ala da extrema direita (mencionam nosso Bolsonaro).
Voltamos ao sim ou não. Voltamos à dicotomia do certo e errado, causadores da violência entre as pessoas. A questão hoje é: quem decide não sou eu nem você, são estas quatro ou cinco pessoas que dominam todos nós. Que recolhem, pior, se apoderam de nossos dados particulares, íntimos, nossas tendências e comportamentos para, subliminarmente, nos fazer acreditar que temos o livre arbítrio, mas não: é mentira! Achamos saber, achamos ter certeza de nossas convicções; não temos! Apenas achamos e acreditamos com certezas absolutas o que de longe não precisa ser a verdade. Não sabemos não só em quem votar, como não sabemos sobre a verdade e a mentira, o que é certo e o que é errado.
O mundo é ignorante e sempre foi, hoje cada vez mais porque cada dia há mais habitantes na Terra sem acesso à educação. Estes poderosos GUIAS DA MANIPULAÇÁO alcançaram a perfeição ao chegarem para dentro de nossos computadores, corações e almas: não sabemos mais distinguir quais são nossas autênticas convicções e quais são as convicções de quem paga mais para as empresas que se dispõem a nos manipular. São donos das fortunas do mundo assim como foi Sr. Henry Ford no começo do século XX quando inventou o Ford e todos os carros fabricados eram pretos. O filme foca: o Sr. Facebook e o Sr. Cambridge Analytic. O primeiro por ser dono dos dados das nossas vidas, minha e sua, e o segundo por que fez uso destes dados e assim orientou o povo americano a votar no republicano Trump e os ingleses dizerem não à permanência na Comunidade Europeia.
Não é o caso de se revoltar. A realidade é uma só: cabe a nós , vítimas , nos prepararmos para saber mais e não cair na conversa das frases feitas, das fake news, dos boatos, na virulência das acusações que os homens que ambicionam o poder, os políticos de modo geral – exemplo maior – fazem entre si com o apoio e incentivo dos meios de comunicação .
Temos que aprender a pensar por nós mesmos.
Para tornar o invisível visível temos que pensar! Duvidar e Repensar!
Acredito ser esta a única forma de tornar visível o invisível que nos orienta, sustenta, agride, acaricia, nos torna dependentes, no dia a dia de nossas vidas que estão sendo vividas neste século novo, o XXI.