4 de abril de 2020
Observem que hoje, o dia em que escrevo, é 4 de abril enquanto vocês encontram a indicação de que é o 5º texto publicado no Diário Entre Quatro Paredes. Faltei um dia. Vai acontecer outras vezes, provavelmente. Meus álibis: dor nas costas ou cansaço excessivo com a concentração em tarefas de autopreservação. Nós, da espécie dos Neandertal, carregamos esta herança tal qual um código de barras inciso a ferro e fogo em nossas entranhas. E eis que chegamos até hoje, vivos, atravessando guerras e pragas dizimadoras de vidas. Somos muito fortes e criativos quando se trata de sobrevivermos instintivamente. Acredito nisso! Nós vamos sobreviver a mais este percalço, a esta limitação de ir e vir, a este confinamento que para cada família ou indivíduo deve se configurar diferentemente.
Quem acompanha de tanto em tanto o meu site, sabe que meus pensamentos constantes estão dirigidos para as famílias e ou indivíduos com dificuldade de acesso às necessidades básicas de sobrevivência e, neste momento, mais urgentes de que outras. Assim, resolvi hoje fazer uma doação em dinheiro para o Hospital das Clínicas e para Luca Gozzani, empresário da área de alimentação que está se propondo a montar um milhão de cestas a R$ 50,00 por cesta.
Dado o recado sobre como ajudar uns aos outros, continuo com os meus feitos deste dia.
Lola, minha labradora, personagem dos meus escritos e companheira de todas as horas, por ser muito velha perde muito pelo. Limpá-los é uma tarefa chata porque os pelos grudam na vassoura. Poderia limpar sofá e piso com o aspirador, mas montá-lo e desmontá-lo todos os dias mexe com minha preguiça quando se trata de fazer muito esforço físico. Ginástica por exemplo, desculpo-me por não fazer diariamente por causa do covid-9, é ruim, eu sei! (precisa se levar em conta uma certa dificuldade para os nascidos na década de 40 em se adaptar a fazer exercícios através de vídeos). Eu era feliz e não sabia, pois na Academia se podia trocar conversas com a vizinha do lado, algumas até viravam amigas. Por outro lado, aproveito os dias solitários para buscar receitas que sujam apenas uma panela e nela coloco só ingredientes que não engordam. Portanto posso emagrecer e perder massa muscular que deixo para recuperar depois que o vírus – e não nós – morrer.
Almocei cuscuz marroquino (brincadeira de criança de tão simples: basta despejar água fervendo sobre ele e deixar descansar). Como achei muito sem graça e sem cor aproveitei uma cenoura que havia sobrado das compras de há dez dias. Nela já cresciam raízes. Todos os dias perguntava-me como poderia utilizá-la? Tirei a casca feia e passei a cenoura no minipicador, aos pedacinhos com medo que a maquineta encrencasse. Crua mesmo, joguei-a em cima do cuscuz e tampei a panela. Acrescentei manteiga e sal. Fiquei tão orgulhosa com o resultado… ótimo!
Lições que ando extraindo destes “trabalhos forçados”: é fácil tirar pelos de cachorros presos na vassoura e fazer uma comidinha marroquina (o nome marroquino sempre me soou distante e complicado)! Os pelos tirei com as mãos, em cima de um papel e embrulhei para jogar no lixo – igual quando se corta as unhas dos pés! Para o cuscuz apenas pus água para ferver e piquei uma cenoura que iria para o lixo caso não criasse um destino para ela.
Devagarzinho vou me preparar para ir dormir e continuar minha prosa com vocês depois que viver o dia de amanhã com calma e prazer por ter tempo para deixar para depois o que não tiver vontade de fazer na hora.
Bom dia, tarde ou noite para vocês.
Abraço
Bettina