14 de abril de 2020
Hoje o dia começou meio que inesperado! Esqueci que se pagava contas! Tanto que não sei em que dia da semana nos encontramos, guardei os pagamentos datados como se não mais existissem quando em quarentena.
Contas a pagar com apenas a metade do saldo “normal “na conta do banco. O que fazer?
- Ficar devendo como aqueles que me devem e se justificaram dizendo “que devido a pandemia” – não aguento mais ler os outros nomes usados para designar a devastação que esta Bolinha Envenenada está causando – não vamos poder te pagar este mês”?
- Deixar de pagar funcionários que vivem de seus salários?
- Subtrair da minha poupança e pagar todas as contas em dia como no passado?
- Só pagar as contas dos funcionários, minha sobrevivência e da Lola (minha labradora que não anda mais)?
Optei pelo item quatro.
Não sabemos quantos meses ainda temos pela frente. Ouvi dizer que duraria mais 15 dias. Não acredito!
Preocupante não é mais tanto o vírus que tem seu caminho próprio e irá embora quando” achar” que já fez o suficiente de vítimas, mas sim o presidente nos informar que “algo subiu na cabeça” (dos ministros) “a hora vai chegar” e que “ minha caneta funciona”. Implícito está que ele vai exonerar o ministro da saúde, o líder que emerge da crise. (Não cansei de ficar em casa. Cansei do inominável!) Sussurro um xingamento!
Mas voltemos ao dia a dia. Almocei cogumelo shimeji com torrada e uma salada.
Estou aprendendo a ficar junto do fogão e organizar a entrada dos alimentos na panela. (Nos dias anteriores, se vocês estão lembrados, a mandioca que devia ser cozida virou carvão porque a deixei no fogo e vim escrever este diário).
Assim, primeiro fritei o alho porró picadinho no azeite. Se deixar passar do ponto, queima. Enquanto com uma espátula na mão mexia a frigideira, com a outra mão fui separando os utensílios usados e os deixei de molho na pia. Pronto o alho porró, o cogumelo também cozinha rápido. Fiquei olhando e mexendo enquanto dois pães de forma esquentavam na torradeira. A salada já estava pronta e temperada – tinha sido lavada antes de ir para a geladeira.
Tudo terminou na mesma hora: emergi a frigideira no molho quente de sabão, coloquei o cogumelo na torrada e levei a salada junto para a mesa de jantar. Tomei um copo de vinho tinto. Quando acabei fui lavar os utensílios cuja sujeira já descolava facilitando o meu trabalho. Cozinha pronta para o jantar.
Comecei a achar que a Bolinha Envenenada poderia durar o tempo que quisesse: orgulhosa do feito, eu não morreria mais de fome!
Concomitante, hoje ando um tanto ansiosa por uma razão justificada. Não sei avaliar se estou com medo ou histérica. Sinto coceira contínua no rosto, olhos e nariz, – algo inédito – justamente onde não podemos usar as mãos, assim, a cada minuto passo álcool nelas. Faço experimentos se o pulmão está bem, inspirando e expirando e não sinto falhas. Perturba-me pensar que o jornal pode me contaminar apesar de usar luva na mão direita como já lhes contei. Não será o jornal o agente do mal dentro de casa?
Pensemos positivo: entre um bom almoço e o jantar que será uma sopinha de legumes comprada, o contentamento por achar que podemos sobreviver bem sem ajuda de terceiros, as preocupações financeiras “resolvidas” no possível e com o ministro Mandetta no pelourinho, as coisas andam ora positivas, ora negativas; ouso afirmar que bem mais equilibradas do que A.V. (antes do Vírus). Acreditem!
Bom dia, boa tarde, boa noite
Um abraço, companheiro de exílio
NOTA: por favor não apertem a mão do Presidente em hipótese alguma!
Amei seu trabalho,mostra bem a realidade,a insegurança e dúvidas em que estamos vivendo atualmente.
Vania, como vai você? atenta no desenrolar desse nosso momento, entre vírus,
contas a pagar, e confusão politica.
Com certeza, eu também estou preocupada principalmente quanto ao fato das informações chegarem disparatadas, nos deixando
ainda mais inseguros do que já somos como cidadãos brasileiros.
Quero te agradecer o retorno ao meu texto do dia 09. Repito sem me cansar: é uma grande alegria receber
palavras afetivas de um leitor. Este seu ato vem para facilitar muito o meu momento inédito assim como me empenho, ao escrever para você
de maneira a aliviar, entreter, refletir sobre o momento e a vida de um modo geral. Procuro vir de encontro aos demais leitores falando da realidade
( segundo meu critério, é claro) mas sem assustar como fazem as manchetes de jornal. Procuro colocar-me no lugar de
quem me lê. Por isso, se v. quiser, escreva-me sobre você. Trabalha, estuda, casada, solteira, viúva, gosta do que? enfim escreve sobre estes estágios das nossas
vidas mais ou menos iguais para todos nós seres humanos!
Com um abraço agradecido
Bettina