21 de abril de 2020
Como foi o domingo de páscoa de vocês? Via internet? Desinfetaram os ovos que receberam por Delivery? Ao vivo, quantas pessoas entorno da mesa, o cheiroso bacalhau foi degustado?
Eu passei algumas horas lembrando das páscoas quando meus filhos eram pequenos. Um dia, quando eles acordaram e foram procurar seus ovos no jardim, soltei coelhos de verdade. Fazia várias trilhas de ovinhos, cada qual de uma cor e inventava que os coelhos trouxeram para cada um deles uma cor diferente. Queria facilitar – e acalmar- a excitação dos dias anteriores. Acho que até hoje, casados e barbudos, ainda estão em dúvida se os coelhos trouxeram os ovos porque repetem a mesma história para os filhos. A continuidade de uma família reside nas grandes festas, comidas e cheiros trazidos pelo tempo que não volta. Acho isso muito importante e bonito. Natal é outra festa tão importante quanto a Páscoa. Os adultos precisam criar histórias verossímeis. Faz bem para a fantasia das crianças acreditarem que o Coelho da Páscoa e o Papai Noel existem. É interessante que, quando descobrem que não é um fato, eles não consideram seus pais mentirosos: quando descobrem já estão prontos para aceitar que a sensação do acreditar foi e continua sendo uma memória de prazer. É uma história de amor repetida a cada ano enquanto pequenos. Aí repetem para seus filhos, levando a tradição para frente.
Pessoalmente não dou atenção ao dia das mães tampouco dos pais. No dia das crianças, eu saía com eles para que escolhessem um presente, caso contrário ficariam frustrados , tanta é a expectativa comercial. Não há graça nisso!
Hoje, entre quatro paredes, fico pensando há quanto tempo não faço Páscoa e Natal. Claro que os netos são prioridade, mas não sei, será que a crença nos duendes, ajudantes do Papai Noel, a fábrica de chocolate do Coelho morrerão?
Acredito que ninguém viveu uma Páscoa como a deste ano de 2020. Recebi dezenas de prédicas explicativas nas várias religiões contando o que a Páscoa significa para cada uma. Recebi bem as mensagens porque mais próxima da real razão dela: espiritualidade, liberdade, humanidade, compaixão, D’us, Deus, Alá, em todas as formas que Ele se apresenta. Gostaria que na Páscoa de 2021 estas mensagens de Paz chegassem em maior número do que as de ódio e má fé. Será que teremos mudado depois que acabar a pandemia?
Vamos fazer uma aposta aqui nos comentários? Quem responder se acha ou não que mudanças – pós vírus – vão acontecer e quais poderiam ser, ganhará, de graça, um livro 45, enviado para sua casa. (Você o encontrará, virtual, na página Biblioteca nesse site em que se encontra)
Mas algo já mudou: a propaganda de utensílios para eliminar de uma vez a antiga intimidade com o pó, bactérias, ácaros. No facebook estão nos vendendo todo tipo de utensílios para nos defender destes naturais germes invisíveis. D.V. (depois do vírus), os novos objetos de desejo serão os utensílios para uso caseiro munidos de raios ultravioleta – suponho – desinfetantes de toda ordem, máscara com respiradores, viseira de plástico sobre o rosto inteiro. Pós corona, será normal nos vestirmos paramentados, como nos filmes de ficção cientifica – estes que, justamente, levam o nome de ficção, de futuro.
E falando em futuro: os grupos de risco, os velhinhos, aqueles que pintavam o cabelo, devem estar bem chateados– ainda bem que não se deve sair nem receber visitas. Mesmo assim, a vaidade foi substituída pela enorme saudade de seus familiares, e as impiedosas plataformas virtuais com as quais os chamamos estão nos vendo embranquecer dia após dia; o cabelo cresce e a verdade aparece no alto do nosso couro cabeludo, a raiz! Talvez, devido a desorganização, informações contraditórias e um presidente que desafia até os cavaleiros do Apocalipse, é bem possível que nos encontremos por alguns meses ainda, em confinamento e, portanto, sairemos todos com a cabeça flocada de branco. Da mesma forma como acabaram as máscaras e luvas, faltará tintura de cabelo!
Caros Leitores, não sei se estou sendo realista ou pessimista. Mas o que for, tento fazê-lo com uma certa graça para que nenhum de nós sofra demais com esta fatalidade circunstancial que nos pegou “de calça curta”!
Bom dia, boa tarde, boa noite e não esqueçam a aposta. O livro 45 é realmente muito bonito. Você verá, quando o tiver nas mãos.
Afeto para todos,
bettina