10 de maio de 2020
ZOOM
Algo não vai bem! Pensei…
Irritei-me com a Lola, minha labradora de 15 anos que não anda mais por causa da artrite. Melhorou com cortisona, porém vive atrás de mim para comer. É o efeito do remédio. Mas não é sua imobilidade a razão da minha irritação, estava eu à beira do fogão, aliás forno, e ela deitou-se exatamente na frente dele. Quando precisei abri-lo para tirar um pãozinho (dou a receita depois), ela, madame e teimosa – sempre foi – decidiu me encarar e não saiu. Conclusão, queimou meu café da manhã. Fiz outro e já amo a Lola novamente.
Depois o dia transcorreu tranquilo. Tive um encontro com amigas através do ZOOM. Eis aí uma novidade que apreciei: comunicar-me virtualmente. Soube de pensamentos e desvendamentos de cada uma que, suponho, não saberia em um encontro social. A virtualidade traz uma intimidade completamente diferente da que temos ao conversar corpo a corpo. Há o componente do imaterial, é estranho!
Quando a conversa virtual se estende a mais de dois conversadores, nos vemos em tamanho reduzido no canto da tela e nos distraímos focados em nós para avaliar se estamos bem “na foto”. Como qualquer ator à frente de uma câmera, fazemos pose. Não fazemos confidências e deixamos pouca brecha para perceberem o que está sendo dito: estamos sendo atentamente observados!
Depois dessa teleconversa, fui para a cozinha tomar o suco das 16horas. Já contei que me deixei influenciar por minha filha no sentido de transformar, ou melhor, incluir alimentos veganos na alimentação. Aceitei mais ou menos porque assumir ser vegana/vegetariana dá muito trabalho e vai na contramão da vida da maioria. Vai-se ao restaurante e nada permitido tem no cardápio. No churrasco de domingo, na festa de aniversário do neto, no jantar na casa de amigos, a dona da casa tem que fazer comida especial para você, ou tem que se conformar em passar fome fora de casa! Viajar é outra complicação!
Gosto do meio do caminho em tudo o que nos rodeia: da alimentação – passando pela política (o desgaste ao polarizar posições e ideologias é infrutífero) – até o amor. Já me apaixonei loucamente e foi um desastre; a dor da perda não ficou no meio termo como teria gostado. Tive vontade de me atirar do Viaduto do Chá (verdade que eu era muito jovem)!
Mas, continuando a lhes contar sobre a tentativa vegana em minha vida, e aproveitando a quarentena para experimentar, fiz um pãozinho para o café da manhã. Existe um pó composto de farinha Zaya (desconheço), farinha de amêndoas, linhaça dourada, mandioca Zaya(?) e fermento químico. Com a medida que vem junto, mistura-se um ovo inteiro batido com o garfo mesmo. Temperei com orégano, cominho e sal. Pode ser qualquer tempero doce ou salgado. Despejei em uma forma untada com manteiga (pode ser óleo) e pus para assar uns 10 minutos. Qual não foi minha surpresa: ficou uma delícia! Enquanto degustava os pedaços do pão, pensei em como os hábitos podem ser transformados. Todas as manhãs eu comia um daqueles pãezinhos franceses, fresquinhos, crocantes, quase saídos do forno da padaria vizinha, o máximo que eu fazia era retirar (de má vontade) o miolo para não engordar muito! Pronto o pãozinho vegano fará parte da minha vida D.V. (depois do vírus).
Um abraço, caros seguidores, e lembrem-se que existe um bordão conhecido: “menos é mais”. Para mim a quarentena valeu para alguma coisa: a percepção do desperdício e o aumento da consciência em relação aos vários objetos de desejo que imaginava comprar depois desta estadia prolongada em casa.
Boa tarde, boa noite, bom dia
bettina
suas rubricas são ótimas, alegres e descontraídas. parabens mana, beijo lusitano!
To adorando te ler !
A Lola te encarando foi ótimo !!!
E a arte estão lindas ? Qdo vejo no insta já entro para ler!
Bj