15 de maio de 2020
Tenho tido pequenas alegrias nesses dias entre quatro paredes. Parte delas se passa na cozinha. Outra é quando realizo as demais tarefas caseiras escutando música ou a noite assistindo filmes. (acho que já assisti a quase todos da Netflix).
Nessas atividades usufruo de um sentido de realização porque cuidar de si é, na verdade, viver. Uma atividade para nos deixar de bom humor, esse é um sentimento para não ser guardado fora do alcance quando voltar a correria que achávamos normal. Aquela que hoje, na era do vírus, esquecemos. Aquela pela qual tanto nos penalizávamos por nos sentir incapacitados de “dar conta”!
Pergunto, hoje, se elas são necessárias mesmo?
Nos tornamos reféns dos que afirmam: “façam escolhas”! Sim, tudo bem, mas que escolha, entre a pressão do “tenho que fazer” e aquela que diz “deixa eu cuidar um pouco de mim”?
Sei que a maioria de nós não tem escolhas porque as contas chegam no fim do mês, assim mesmo acredito ser possível fazer várias pequenas escolhas para realizar um desejo que depois vira um hábito que pode durar a vida toda. Creio que esta é a conquista de uma virtude simples, mas importante para nos tornarmos transeuntes livres nesse mundo complicado.
Longe de mim dar receitas de como viver e menos ainda sessões de autoajuda. Escrevo sobre o que tento realizar todos os dias, muitas vezes sem resultado. Acredito em tentativa e engano, experiência cotidiana no lugar apenas da necessidade de sobreviver. Não acredito que dificuldades financeiras, falta de afetividade ou a alegação da falta de tempo sejam empecilho para realizar nossas pequenas, muito pequenas, vontades. É difícil? Digamos que não é fácil! É uma mudança grande realizar pequenas vontades!
Para mim a quarentena está assim colocada: cozinha para mim é o bê-á-bá, mas se não praticar no cotidiano vou morrer de fome e esta não é minha escolha e muito menos vontade!
Abraço a todos e desejo que seus dias estejam transcorrendo na descoberta de pequenas realizações pessoais mesmo se no entorno vivemos uma atmosfera com um tanto de medo do contágio.
Até mais,
Bettina