05 de agosto de 2020
Aparentemente vem chegando o fim da Covid ou será da pandemia? Ao menos é o que me pergunto. Não sabemos qual dos dois – quando saímos para tomar ar: a maioria com máscara, mas calçadas e veículos novamente repletos de gente respirando, tossindo, limpando o nariz, espirrando. Pertencemos, afinal, à espécie humana: gente que, estranhei, parece ter sofrido a mutação do virtual para o real. Um gênero novo: de carne e osso como fui um dia!
Tendo me tornado gente novamente, fui a um supermercado cheio de mascarados, sai com dor de cabeça e muito irritada. Não lembrava mais como se fazia compras, também esqueci como me vestir. (Antes de sair para o supermercado, olhei para o armário e achei aquelas roupas do século XIX… Hoje, pensei, a moda do momento é tênis , calça de ginástica, pantufas e camisetas velhas.)
Quando me perguntam se quero ter uma reunião presencial, eu, do lugar que ocupo hoje, respondo que não, pois como disse, as pessoas para mim tornaram-se seres estranhos depois de quatro meses do ‘fique em casa, então respondo que a reunião poderia se realizar através do Zoom. Aliás Zoom tornou-se um substantivo explicativo para “gente que não vai me contaminar.”
Eu lhes conto tudo isso porque não sei como a pandemia vai se desdobrar uma vez que a vejo como um poste com placas indicando diferentes direções e confundindo o seu caminho e minha compreensão. Assim não sei se terei ou não assunto para continuar escrevendo este diário. Posso inventar outro, mas nenhuma experiência será tão esdrúxula como esta destes últimos meses. Posso falar do antigo novo, do novo antigo, do novo novo, mas acredito que voltarei a me inspirar sobre os eventos externos de todos nós, – como antes do corona(A.C) – e da alma que exprime sentimentos que foram excluídos durante a pandemia e que voltarão cheios de novidades. Escreverei sobre o A.C e D.C ( antes e depois do corona).
Enquanto no epicentro do furacão, tudo era novidade. Agora há que se esperar pelas consequências desconhecidas que ninguém neste planeta sabe quais serão.
Alguém tem coragem de tomar a vacina que o mundo todo corre atrás de experimentações em laboratórios para ver quem vai ganhar a corrida contra o mal atacante? Como saberemos se foi a vacina que fez diminuir o número de mortos ou o inimigo desistiu por sua própria vontade? O inimigo voltará com suas baterias carregadas?
Em algumas contingências, como uma guerra , por exemplo, é possível se apostar quanto ao tempo de duração e um provável desfecho, mas não acredito que esta que estamos enfrentando tem duração previsível. Nos países em que a curva de contágio foi descendente, o vírus pode ter perdido uma batalha, mas nós (o mundo) ainda não ganhamos a guerra.
Esta é a minha percepção, assim, continuarei entrincheirada com medo do meu inimigo, minha única arma, uma máscara com a qual o meu cachorro se assusta, mas tenho dúvidas se causa o mesmo efeito no corona-19. Pessoas, minhas próximas, foram “coronhadas”, levemente é verdade, e se dizem imunes contra este inimigo que, estrategicamente, demarca, diariamente, suas posições. O fato é que, aqui, com certeza, não temos um general de alta patente que possa organizar a trincheira nem a evacuação do local de guerra!