Matéria publicada na revista Bom Apetik em dezembro de 1991
Ainda com esperança
A empresária Bettina Lenci, proprietária da Translor e diretora da Fiesp/Ciesp, diz que “de fato nada mudou do final de 90 até hoje”. O que piorou, comenta, foram os ânimos, abalados “depois de mais um plano econômico fracassado e que desorganizou as já frágeis estruturas sociais e econômicas do País”.
Para 92, ela prefere não fazer previsões. “Acredito que o fundamental seja reconquistar a motivação do brasileiro.
Transformar seu pessimismo, seu desalento, sua tristeza, em vontade de acertar. Só então poderemos analisar o quadro econômico”. Ela diz que sem vontade não há mudança. “Devemos parar de apontar os erros e dificuldades e, com criatividade, buscar soluções modestas no âmbito de atuação de cada cidadão: escola, trabalho, lazer”.
Betina acredita que mais pessoas trabalharão para solucionar os problemas urgentes. “Muitas empresas já estão se estruturando para obter mais produtividade e competitividade qualitativa, ajudando a reverter o quadro inflacionário com melhores produtos, maior consumo, melhores salários. São as forças de mercado que irão operar o milagre e não mais a ação do Governo”. Para que isto aconteça, “basta os agentes econômicos deixarem o derrotismo e interesses imediatos de lado e pensarem que o País sobrevive aos Arautos do Infortúnio”, finaliza.