Revista ABRADIF, abril de 1994
Transcrição
Bettina Lenci sempre foi uma empresária em evidência. Mulher bonita, com um discurso forte, sempre atuou em entidadesde classe do setor de transportes e na Fiesp. Sua figura sempre chamava atenção, ainda mais quando revelava-se o fato de ter enviuvado duas vezes
Com uma história dessas, o destino de Bettina Lenci era transformar-se em personagem de conto de fadas. No entanto, ela preferiu sonagem de sua própria história, uma história de sucesso empresarial. Sem dúvida que temperada por mudanças em suas posturas de vida.
O livro começa com a morte de Walter Lorch, primeiro marido de Bettina e fundador da Translor, empresa que ela assumiu após a morte do marido. No
decorrer da obra, a autora narra o que era a Translor e como transformou-se a si própria e a empresa, adotando métodos administrativos arrojados que deram à empresa uma posição de vanguarda no setor de transportes.
Com o apoio do jornalista e escritor Sinval Medina, Bettina escreveu uma obra que prima pela qualidade do texto.
O resultado é um prazer do início ao fim da obra. Temperando informações coletadas na imprensa, narrativas da autora, entrevistas com terceiros, Sem Avesso é um livro vivo.
Ao final, tem-se a clara certeza que a história contada naquelas quase 200 páginas continua a acontecer. Da mesma forma que as vidas dos leitores, que não se resumem a um relato morto, mas ao cotidiano exercício de aprender, melhorar e se aperfeiçoar.
“Não basta que os fatores apontados como causas possíveis de suas angústias sejam verdadeiros; é preciso que tais fatores sejam reversíveis”. Essa talvez seja a principal lição de Sem Avesso.
A escolha do título revela uma postura sempre adotada pela riu houve momentos em que gostava de aparecer em jornais e revistas que mostravam-na
como uma mulher forte, de garra, bonita. Ela se sentia assim. Da mesma forma, hoje ela deixa transparecer uma mulher mais discreta, voltada para seu interior. Seja como for, Bettina mostra-se inteira, por dentro e por fora, o verso e o reverso.
A coragem de se mostrar demonstra uma segurança adquirida em muitas lutas, num aprendizado constante e nada convencional. Mas quem disse que o alternativo não pode dar certo numa empresa? A Translor ousou ao recorrer a idéias da nova era e, ao que parece, vem conquistando bons resultados.
Nova Era, por sinal, foi o nome escolhido para batizar o produto que materializa a transformação vivenciada pela Translor. Essa experiência resultou na
criação de um novo modelo de cegonheira, desenvolvida segundo as novas tendências da indústria automobilística.
Com o desenvolvimento da Nova Era, a Translor deu um passo a frente em relação à concorrência e mostrou que está direcionada para atender as necessidades do cliente. Enfim, está em sintonia completa com as novas leis do mercado.
Para quem tem medo de encontrar em Sem Avesso a triste história de uma viúva que usa métodos nada convencionais de administração é melhor despir-se dos preconceitos. O livro vai muito além de um relato.
Uma viúva que é forçada a assumir os negócios do ex-marido não é novidade nenhuma. Afinal, aqui é o Brasil, e não a índia, onde as mulheres são enterradas depois que o marido morre. Mas quantas vezes, mesmo os representantes do sexo masculino preferem desistir ao invés de enfrentar as adversidades. Sem Avesso mostra que esse não é o melhor caminho.
Por: Carlos Costa Beber, vice-presidente para Assuntos Institucionais da Abradif