Revista Carga e Transporte, agosto de 1993
Transcrição
Um acordo assinado em julho entre o Brasil e o Uruguai antecipou a vigjèftcia do Mercosul permitindo a livre exportação de veículos pesados para o mercado uruguaio, e/também estabeleceu Quotas de importação de automóveis montados naquele país.
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) entre Brasil e Uruguai, para o setor automotivo, começa a funcionar prá valer a partir deste segundo semestre. Um acordo assinado em julho em Montevidéu pelo secretário de Comércio Exterior, Renato Marques, e o diretor Nacional de Indústrias do Ministério da Indústria, Energia e Mineração do Uruguai, Alberto Iglesias, permite que
aquele país exporte para o Brasil 3.400 carros ainda este ano, metade dos quais de montadoras instaladas em ambos os países, como a Volks e GM, e outra metade daquelas sediadas apenas no Uruguai (Citroen, Renault e Toyota).
Segundo o vice-presidente e coordenador da Área do Mercosul da Anfavea, Célio de Freitas Batalha, o acordpermite ao Brasil exportar livremente para o Uruguai veículos pesados, como ônibus e caminhões. Ele regulamentará o comércio do setor automotivo até a entrada oficial em vigência do Mercosul, prevista para janeiro de 1995.
Os novos ventos produzidos por esse acordo provocaram as primeiras movimentações na área empresarial. Em meados de julho, o diretor de Exportação da Marcopolo S/A – maior encarroçadora de ônibus brasileira -, Walter Gomes Pinto, esteve
em Montevidéu tratando de aumentar os negócios com empresários uruguaios. O interesse da Marcopolo, com sede em Caxias do Sul (RS), é aumentar seu índice de exportações de ônibus rodoviários. Segundo Gomes Pinto, no ano passado houve grande renovação da frota de ônibus urbanos daquele país.
As estatísticas da Associação Nacional dos Fabricantes de Carrocerias para Ônibus (Fabus) comprovam esta afirmação. Em 92, o Brasil colocou no mercado de ônibus urbanos do Uruguai 528 unidades, de um total de 673 adquiridas naquele ano. Em 91 haviam sido exportadas apenas 88 unidades para aquele país. “O que ocorreu é que os empresários uruguaios não conheciam bem o produto brasileiro, que está entre os melhores do mundo”, afirma o diretor-executivo da Fabus, Roberto Ferreira. Para 1993, a Fabus prevê vendas ainda maiores: até junho, seis fábricas brasileiras de carrocerias haviam exportado 1.128 unidades, 528 das quais urbanas.
O advento do Mercosul também levou o Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Rio Grande do Sul (Setcergs) a iniciar a instalação de uma filial em Uruguaiana, na divisa com a Argentina. Conforme seu diretor, Moacir Rosemberg, a entidade precisa de uma sucursal “para orientar e dar assistência aos transportadores”. As empresas de transporte internacional estão necessitando, segundo Rosemberg, de orientações técnicas para saber como agir com documentação, policiamento nos países vizinhos, controle de veículos e seguro para cargas internacionais. A maioria das transportadoras gaúchas que operam internacionalmente tem filial ou matriz em Uruguaiana, “que é a nossa fronteira seca mais importante”, conclui Rosemberg.