Ho Ho Ho
“Mamãe, olha um Papai Noel preto”, exclamou a criança, apontando para ele, embalado numa caixa de celofane, na prateleira do supermercado. Segui o dedo da criança, tão espantada quanto ela, apesar de ter sete vezes mais que sua idade.
“Mamãe, olha um Papai Noel preto”, exclamou a criança, apontando para ele, embalado numa caixa de celofane, na prateleira do supermercado. Segui o dedo da criança, tão espantada quanto ela, apesar de ter sete vezes mais que sua idade.
Cachorros não falam. Traduzem o silêncio. Cachorros não ocupam um espaço vertical como nós. Eles o ocupam horizontalmente, o que faz deles seres especiais. Deitados ao nosso lado, comandamos amorosamente os diálogos por uma só via.
Gosto de árvores. Mais do que de jardins. Árvores, todo mundo sabe, usando eufemismos, são nossas raízes, nos dão sombra, frutas e flores e, entre tantas outras dádivas, a possibilidade de declararmos um amor recortado na casca do seu tronco.
Há dias não publico texto algum neste espaço. Por quê? Porque nada tenho a dizer! Pode ser que este momento dure ou até desapareça. Escrever ficção é mais fácil! Pensar o contemporâneo, o aqui e o agora, foge ao meu conhecimento porque é tudo muito confuso. A informação eletrônica, endeusada como única fonte de conhecimento, reforça o dito popular: o próprio feitiço virou contra o feiticeiro. O feiticeiro não consegue mais me enfeitiçar!
Desde criança não gosto de acordar. Só não era um sacrifício porque, apenas amanhecia entre um cochilo e outro, punha-me a pensar sobre a vida, sempre acompanhada da preguiça sem culpa, vazia, aquela que faz a gente ficar conversando com a alma que não dorme e pergunta se ela existe.
Um dia, nas férias, encontrei-me dentro de um acampamento, dormindo num beliche, tendo que aprender a montar a cavalo, jogar queimada e correr com um saco de batatas ou um ovo na colher…
Minha mala era de couro natural carregada como hoje as crianças carregam suas mochilas coloridas. Nas costas. Depois, com o aumento do volume de livros e cadernos, a mochila de couro passou a ser uma pesada mala de couro preta