Corvos, hienas e Peter Pan

Dumbo, o elefante, personagem tão querido – fofo dizem hoje – faz a criança chorar saudavelmente quando perde a mãe, mas, em contrapartida, ganha um amigo que o ensina a voar.

Transforma a tragédia – por conta de suas enormes orelhas – em uma façanha sem igual no mundo fantástico da imaginação.

Existe algo mais instrutivo e sensível para uma criança aprender do que transformar uma particularidade física em sucesso? Encontrar amizade em trocas com seres diferentes?

Hoje o desenho do pobre Dumbo é execrado como sendo de conteúdo racista ou ofensivo.  Diz o artigo de jornal: “pode conter representações culturais desatualizadas”. A razão para tal descalabro é que os corvos do desenho animado Dumbo, ”encarnam estereótipos de afro-americanos”.

Meus filhos são da geração anterior a Y, hoje adultos responsáveis e , sobretudo,  tolerantes , mas quando crianças só assistiam a filmes de Walt Disney. Nem por isso deixaram de ter uma cabeça ótima, todos terminaram seus estudos com acesso a conhecimentos e discussões acessórias objetivando tornarem-se cidadãos críticos, com discernimento para  o certo e o não certo.

Os corvos!! esses pássaros de cor preta, presente nos contos de fadas dos irmãos Grimm ou Christian Andersen, pousados ou volteando em planícies geladas da Europa, introduzem no imaginário infantil a representação da morte, a meu ver um conceito sadio para dar à criança um sentido de realidade. Talvez Walt Disney tenha pensado o mesmo.