Fiz tudo que meu amigo me pediu antes de morrer. Joguei suas cinzas ao vento na encosta da montanha mais alta que já havíamos escalado.
Surpreendi-me com a sensação de que, se meu amigo tivesse sido enterrado no cemitério, ainda estaria comigo. Era um amigo embaixo da terra, presente com seus ossos. A cremação, porém, deixou um buraco vazio no meu espaço cotidiano porque meu amigo desapareceu, sumiu, não existe mais nem com um nome. Não tenho mais como visitá-lo.
A cremação de um amigo deixa um vazio mais sadio, mais limpo, porém mais sozinho.