Dia 18 – Um corte com faca
Hoje algumas notas caseiras não tão auspiciosas. Estou com dificuldade, dificuldade não é o termo, estou com menos automatismo ao usar o dedo indicador da mão esquerda para teclar meu texto.
Hoje algumas notas caseiras não tão auspiciosas. Estou com dificuldade, dificuldade não é o termo, estou com menos automatismo ao usar o dedo indicador da mão esquerda para teclar meu texto.
Tenho tido pequenas alegrias nesses dias entre quatro paredes. Parte delas se passa na cozinha. Outra é quando realizo as demais tarefas caseiras escutando música ou a noite assistindo filmes. (acho que já assisti a quase todos…
Algo não vai bem! Pensei…
Irritei-me com a Lola, minha labradora de 15 anos que não anda mais por causa da artrite. Melhorou com cortisona, porém vive atrás de mim para comer. É o efeito do remédio.
Hoje tenho uma história para lhes contar, mas antes preciso inserir um trecho da entrevista com Domenico De Masi, sociólogo italiano, sobre o momento covid-19. Essa curta transcrição cai como uma luva…
Hoje acordei bem-humorada e mais cedo do que de costume: ontem à tarde minha filha veio – de longe – para andar comigo, na verdade duas voltas no quarteirão. Cansei, confesso, mas o humor voltou.
Não é que hoje, pela terceira vez esta semana, passou o carro vendendo pamonhas! Ininterruptamente, ele comunica um mantra no seu altíssimo alto-falante:
Li em algum lugar que para escrever, é preciso de tempo. Também acho, só que não encontro esse tempo. Quando a quarentena começou, fiquei exultante e pensei:” oba, vou poder me dedicar ao romance que ensaio há muito tempo começar”. Qual o quê!
Transcrevo trechos de um artigo que acredito contribuirá com um dos sentimentos mais escuros da nossa alma nesse momento acerbado pela pandemia. O artigo é de Simon Critchley para o jornal americano New York Times.
O artigo descreve o cenário que cada um de nós pode estar vivendo, e quem sabe, pode vir a aliviar a enorme decisão e responsabilidade de continuar a ficar em casa. Seu conteúdo é filosófico e eu não saberia escrever tão clara e eficazmente quanto o texto do articulista (abaixo). Acredito que abre novos recursos para reflexões que podem nos guiar nesses momentos em que o medo e os pensamentos sobre a nossa finitude emergem em nossas cabeças.
Como foi o domingo de páscoa de vocês? Via internet? Desinfetaram os ovos que receberam por Delivery? Ao vivo, quantas pessoas entorno da mesa, o cheiroso bacalhau foi degustado?
Passei o dia irritada. Irritada com as notícias do Planalto. Irritada com os três poderes da República. Irritada porque perdi a hora de acordar, provavelmente cansada da solitude, irritada com a bateção de metais de uma obra em frente do prédio, e como se não bastasse irritada com a minha falta de atenção ao cozinhar o arroz. Explico: