Quando jovens, acreditamos ter o direito de brigar por conceitos sem a vivência experimental. Só aprenderemos mais tarde que a teoria nem sempre é aplicável à realidade. Pensávamos que ser livre era poder fazer o que o corpo desejasse, além de receber as chaves de casa e guiar automóvel em qualquer direção. Estes caminhos, muitas vezes, não nos ensinaram nada que servisse para o trabalho e a carreira que escolhemos sem conhecer. Sucederam-se escolhas como a família, sendo esta uma liberdade assumida, mas não concebida.
Para não ter que enfrentar a complexidade da vida, por achar injusto ter que viver o que não se deseja, nos enclausuramos na torre de marfim. Perda de destino, aumento de necessidades, carência afetiva, amadurecimento a fórceps iniciam a corrosão de um sentimento aprisionante, nos encontramos acorrentados à vida, convictos de que a liberdade não passa de uma fantasia assim como a decantada felicidade.
Na juventude, olhávamos com certo desprezo para a realidade externa, o espírito entulhado de dúvidas, sonhando que, caso alcançássemos a liberdade, descongelaríamos e, derretidos, viveríamos num aquário translucido cheio de luz com outros peixes, também em liberdade para nadar para qualquer direção.