Na juventude, tive início profissional em história da arte, fotografia e reporter. Deixei de lado essas possíveis profissões para, durante o tempo que o destino me fez ser empresária porem, sem jamais deixar de me dedicar à escrita anônima. Gosto especialmente de crônicas e de criar histórias através de contos e novelas. Ao longo do tempo, construi uma visão de mundo mais sombria em busca de personagens alinhados às virtudes, às relações afetivas, erros e acertos nas suas vidas, acompanhando seus processos de transformação. Através destes recursos e de um olhar receptivo sobre o pensamento da alma, tento transpor para o papel o Real Cotidiano de todos nós.
Busco um arquivo nas várias gavetas entreabertas da minha caixa preta! Ela não está conseguindo cuspir as imagens que procuro. Queria definir expressões faciais das pessoas que amei. As que expressavam brilho nos olhos, o sorriso no canto da boca ou a risada altissonante.
No sábado encontrava-me no aniversário do meu neto de 10 anos, com a mãe de 40 e eu mesma da geração de 45. Minha filha cuidando do bolo, o neto correndo pela casa e eu tentando conversar trivialidades esparsas com as avós escaladas para levarem seus netos para a festa.
Entre o Uber e os aplicativos para pinçar um parceiro para a vida, encontrei poucas diferenças. Algo me diz que eles têm em comum a instantaneidade dos sentimentos.
Na época de polêmicas verbais com meus pais, a palavra farfetch em inglês queria dizer, “você está delirando” ou “buscando uma verdade inexistente, fantasiosa”…
Esqueci o assunto da crônica de hoje. Há alguns dias tive a intenção de colocá-la no papel mas não encontrei nem um rabisco para fazer-me lembrar do tema…
Escrevo com a intenção de lhe contar o que aconteceu com nós mulheres quando você nos incitou à liberdade jogando o seu sutiã no lixo…
Há quem o julgue um andante devaneando, um qualquer. Aparenta andar sem objetivo e direção. Mas, engana-se quem o assim classifica, tanto em português quanto em francês.
Ouço um clamor, um brado surdo abafado: América Latina. É a batida de um jovem coração, largado no sofá ao meio dia. Ouço a respiração intoxicada, rinoceronte buscando ar. A sensação é de semiconsiência, semimorte. A agonia pode levar tempo, mas o bicho é forte, encontrará fôlego, sobreviverá. Brasil, neste continente, nos acordes do seu…
uma porta outra porta ambas iguais brancos diferentes nem o pintor nem o fabricante da tinta são culpados um cano outro cano ambos iguais inundam o serviço feito nem o engenheiro nem o encanador são culpados uma dobradiça outra dobradiça ambas iguais uma enferruja outra não nem o marceneiro nem o pintor são culpados uma…
Para a direita,
o velho mundo.
Para a esquerda,
terra à vista.
Abaixo da linha do Equador.