Na juventude, tive início profissional em história da arte, fotografia e reporter. Deixei de lado essas possíveis profissões para, durante o tempo que o destino me fez ser empresária porem, sem jamais deixar de me dedicar à escrita anônima. Gosto especialmente de crônicas e de criar histórias através de contos e novelas. Ao longo do tempo, construi uma visão de mundo mais sombria em busca de personagens alinhados às virtudes, às relações afetivas, erros e acertos nas suas vidas, acompanhando seus processos de transformação. Através destes recursos e de um olhar receptivo sobre o pensamento da alma, tento transpor para o papel o Real Cotidiano de todos nós.

GE

Crianças gostam de abrir a geladeira. Quando eu era criança, abria várias vezes por dia, mesmo sem fome. Às vezes por tédio, outras por vontade de lambiscar. Era um movimento automático. Eu ficava em frente dela, a porta na mão…

No café

Um dos prazeres em São Paulo é ir aos sábados a uma livraria e lá se perder pensando no que outros já pensaram por nós e, saciados, tomar um café com brioche na lanchonete da livraria. Este era o cenário de uma conversa proibida que ouvi, hábito deselegante, mas sempre assunto para uma crônica. O risco é pegar…

Quarto 16

Em cima da mesinha, seus livros. Sobre a cadeira, a roupa usada do dia; espalhado sobre o banco, o resto. Um abajur e o vaso com uma flor oferecida. Sombras criadas no pátio, amareladamente iluminado, adentravam por duas grandes janelas sem venezianas. Esvaído de tempo, o pano da cortina marcado por cada hóspede que consigo…